O empresário Billy McFarland – o grande nome por trás do fiasco do “Fyre Festival” – vai tentar mais uma vez promover um festival de luxo, e alega que os ingressos da pré-venda, com preços a US$ 499 (cerca de R$ 2,5 mil), estão esgotados.
McFarland ficou internacionalmente conhecido após a repercussão do documentário da Netflix, de 2019, que expôs o caos do “Fyre Festival”. Um festival com ingressos de até US$ 12.780 (cerca de R$ 63 mil), que prometeu um final de semana em um paraíso caribenho, com supermodelos, iates, alta gastronomia e grandes shows, mas entregou desorganização em massa, estruturas mal construídas e sanduíches simples de pão com queijo. E sem cerveja.
So Fyre Fest is a complete disaster. Mass chaos. No organization. No one knows where to go. There are no villas, just a disaster tent city. pic.twitter.com/1lSWtnk7cA
— William Needham Finley IV (@WNFIV) April 27, 2017
Acusado de fraudes na casa de US$ 26 milhões (R$ 128 milhões), McFarland se declarou culpado e foi condenado a seis anos de prisão, em outubro de 2018. Ele conseguiu progredir para prisão domiciliar em março de 2022, e foi solto em setembro do mesmo ano.
Em abril deste ano, ele foi ao Twitter e publicou: “Fyre Festival 2 está acontecendo. Me diga por que você deveria ser convidado.” O empresário não deu qualquer detalhe sobre o evento, como local, artistas do line-up ou data.
No último domingo (20), Billy McFarland voltou às redes sociais para anunciar que estavam abertas as vendas de uma pré-venda “exclusiva”, com ingressos a US$ 499 (cerca de R$ 2,5 mil). Segundo o site criado para o suposto evento, havia 100 entradas disponíveis.
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Nesta terça, ele anunciou que a pré-venda esgotou. “O primeiro lote do Fyre Festival 2 esgotou. Desde 2016, o Fyre tem sido o festival mais falado do mundo. Agora vimos isso se converter em uma das pré-vendas com o preço mais alto do setor. Fyre é sobre pessoas de todo o mundo se unindo para realizar o impossível”, publicou.
“Desta vez, temos um apoio incrível. Estarei fazendo o que amo enquanto trabalho com os melhores parceiros logísticos e de infraestrutura. Além disso, toda a receita da venda de ingressos será mantida sob custódia até que a data final seja anunciada. Estamos ansiosos para surpreender o mundo ao lado de nossos parceiros enquanto construímos o Fyre Festival 2 em uma aventura insular de uma vida”, concluiu.
Nos comentários, o público reagiu com desconfiança. “Esgotado em 24 horas sem data e local… por que isso é tão difícil de acreditar?”, escreveu um usuário. “Animado para a estreia da nova temporada na Netflix”, ironizou outro. “Como você pode legalmente usar esse golpe novamente?”, acrescentou outro perfil.
Após anunciar que os ingressos da pré-venda teriam esgotado, o empresário publicou um formulário para uma “lista de espera” pelos próximos lotes. Segundo o site do “Fyre Festival 2“, o próximo lote, que contará com 400 ingressos, custará US$ 799 (R$ 3,9 mil). Ainda estão previstos outros lotes, com valores que progressivamente chegam até US$ 7.999 (R$ 39,5 mil).
O desastre do Fyre Festival
O Fyre Festival ficou marcado como um dos maiores desastres na história da organização de festivais.
O evento foi fortemente anunciado por alguns dos maiores perfis de influenciadores das redes sociais, como as modelos Kendall Jenner e Bella Hadid, como um final de semana paradisíaco em uma ilha nas Bahamas – com o público sendo transportado até o local em jatos particulares – onde desfrutariam de iates, chefs 5 estrelas e shows de grandes artistas, com Blink-182, Migos, Major Lazer e Lil Yatchy no line-up.
Os ingressos para participar do festival tinham um preço que refletiam esse tom. Alguns chegaram a desembolsar até US$ 12.780 (cerca de R$ 63 mil).
Aqueles que gastaram milhares de dólares foram recebidos na ilha com uma desorganização massiva, barracas para dormir semiconstruídas, poucas opções de comida e uma desastrosa tempestade tropical.
Hey @GordonRamsay what would you rate #fyrefestival gourmet meals? pic.twitter.com/SYJIgwAIYp
— Rain Man (@omgRainMan) April 28, 2017
William Finley disse à CNN no passado que ele e três amigos gastaram US$ 8 mil (R$ 39) para participar do festival. Mas quando chegaram, descobriram que o alojamento era pouco mais do que tendas sem identificação e lutaram para descobrir para onde suas bagagens haviam sido levadas.
“Acabamos de perceber que era tudo um cluster completo e nada estava pronto, não havia organização, não havia liderança”, disse Finley.
Expectation vs. Reality#fyre #fyrefestival pic.twitter.com/U80NApajxl
— William Needham Finley IV (@WNFIV) April 28, 2017
Pouco depois de chegar, Finley e muitos outros viajantes voltaram ao aeroporto na tentativa de deixar o festival mais cedo. Mas lá eles foram recebidos por multidões igualmente frustradas com a mesma ideia.
Alyssa Saran viajou de Vancouver para o festival com o marido e pagou US$ 3 mil (R$ 14,8 mil) por uma experiência VIP. Ela disse que ficou desapontada com a forma como o festival foi mal administrado.
Saran e seu marido passaram a noite na casa de um organizador, mas nem todos tiveram a mesma sorte.
U.S. Citizens attempting to leave #Bahamas after #fyrefestival #scam. People are scared. This festival put people in danger. #fyrehoax pic.twitter.com/7mlble0Obt
— Janan Buisier (@JananBuisier) April 28, 2017
Meses após o fim vergonhoso do festival, McFarland foi acusado de fraude eletrônica federal. Os promotores disseram que ele fraudou pelo menos dois investidores e usou documentação falsa de propriedade de ações em um esforço para legitimar o projeto.
McFarland “prometeu um festival de música que mudaria a vida, mas, na verdade, foi um desastre”, disse o procurador-geral interino de Manhattan, Joon Kim, na época.
* Eric Levenson, Deborah Bloom e Dakin Andone, da CNN, contribuíram para esta reportagem
Este conteúdo foi originalmente publicado em Fyre Festival: após deixar prisão, organizador anuncia nova edição e diz que pré-venda a R$ 2,5 mil esgotou no site CNN Brasil.
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